DIARIO URUGUAI DE FABY TREVY. Desde Livramento.
ANÁLISE PRELIMINAR - TORNADOS CAUSAM DESTRUIÇÃO E QUATRO MORTES EM SANTA CATARINA | Quatro pessoas morreram em razão de tornados que atingiram os municípios catarinenses de Ponte Alta do Norte e Porto União, no início da noite do domingo, de acordo com os levantamentos oficiais divulgados pela Defesa Civil de Santa Catarina. Em Ponte Alta do Norte foram três vitimas fatais. A quarta residia em Porto União. Quarenta casas foram danificadas, 12 destruídas, com desmoronamentos e queda de árvores em Ponte Alta do Norte. Cerca de 20 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas a hospitais de Lages de Curitibanos. Em Porto União, igualmente houve destruição de moradias.
A MetSul Meteorologia entende que os dois municípios catarinenses foram atingidos por tornados no domingo à noite. Os vídeo e fotos dos estragos, e algumas imagens aéreas são reveladoras, deixam evidente nas duas localidades que a destruição se deu em rastros, que em certos pontos chegam a ser muito extensos. Os danos estruturais são muito graves e totais em algumas construções de alvenaria na zona rural de Ponte Alta e construções nas proximidades nada sofreram. O mesmo se observa em Porto União em que o nível de destruição é absoluto em locais a dezenas de metros de outros que nada sofreram.
A análise de dados, vídeos e fotos dos danos registrados sugere preliminarmente que um tornado ao menos F2 (vento de 180 a 250 km/h) na escala Fujita tenha atingido Ponte Alta do Norte. Já em Porto União, os estragos observados igualmente são compatíveis com um tornado F2 (vento de 180 a 250 km/h). É possível que a região ainda tenha sofrido com microbursts (microexplosões), sendo farta a literatura de episódios com tornados e microexplosões numa mesma região em evento de tempo severo, mas os estragos documentados foram causados por tornados.
Destacamos que, assim como a trajetória dos tornados é errática, também são irregulares os danos que comumente variam em magnitude por onde passam os fenômenos. Um funil pode descer e tocar o solo e desaparecer segundos depois para ressurgir logo após. Isso explica a variabilidade na intensidade dos danos ao longo da trajetória percorrida por um tornado. Esta variabilidade fica ainda mais evidente em áreas de terreno mais acidentado, onde há morros e oscilações na topografia local, como são os casos dos dois municipios que estão situados em áreas de maior altitude de Santa Catarina.
Análise das condições meteorológicas mostra que o cenário era o clássico para ocorrência de tornados nos meses mais frios do ano. Um ciclone extratropical estava em formação entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai com maior vorticidade na atmosfera. Entre o Centro e o Leste de Santa Catarina, na região afetada pelos tornados, atuava uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera, um corredor de vento forte a cerca de 1500 metros, que descia a partir do Noroeste com ar mais quente e seco. Ao mesmo tempo uma frente fria avançava rapidamente, o que agrava o risco de episódios de vento forte, o que gerou contraste entre os padrões de vento e o que se denomina de cisalhamento (cortante de vento) e a formação dos tornados.
Em abril, tornado já havia atingido o município do Rio Grande do Sul de São Paulo das Missões sob condições atmosféricas muito semelhantes a de ontem. Estes tornados de Santa Catarina do domingo são os mais graves dos últimos anos no Sul do Brasil em número de vitimas fatais. (Meteorologistas Luiz Fernando Nachtigall e Estael Sias com fotos dos Bombeiros de Santa Catarina, Defesa Civil de Santa Catarina, Defesa Civil de Porto União, Rádio União e Rádio Colmeia).
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